Era a manhã de uma úmida sexta-feira de outono; nublada e fria. Jorge acordou, como de costume, às 05:30 hs da madrugada, preparou o café, tomou banho, barbeou-se e vestiu-se para trabalhar.
Seus pensamentos recordaram o dia em que tomou conhecimento de que seu filho, de 17 anos, se envolvera com as drogas. Desde então começara uma batalha diária na tentativa de resgatar o jovem do destino deplorável para aqueles que enveredam por este caminho.
A lida tornou-se exaustiva e frustrante, uma vez que o rapaz, a cada dia, se afundava mais e mais no vício.
Não tardou muito para que Jorge aprendesse uma das mais difíceis lições do amadurecimento cristão: o entregar o espírito às mãos de Deus e deixar que Ele tome conta da situação.
Foi na Páscoa de 1983 que Jorge ouviu, pela primeira vez, a leitura do texto de Lucas 23, narrativa que revela as palavras de Jesus na Cruz do Calvário. Dentre elas, o momento supremo em que o Filho de Deus, cumprida a sua Obra Redentora a favor da humanidade e consumado o plano de Salvação, exclama:
- Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. (Lc. 23:46)
As palavras ecoaram no coração de Jorge durante a celebração. Desde então é o que Jorge faz todas as manhãs antes de dar início a mais um dia em que sabe que sua luta em favor do filho será difícil e desgastante. Sabe, também, que no Amor de Deus, seu problema terá solução, um dia, e que o Senhor dará resposta aos anseios de seu coração.
Render o espírito é o caminho mais seguro para quem precisa descansar e, aprender a esperar na Vontade do Altíssimo, é a mais rica lição para a alma humana.
Bem-aventurado todo aquele que, ao raiar de uma nova manhã, pode entregar seu espírito às mãos do Pai e sair descansado para os embates do dia-a-dia, que guarda nele o seu próprio mal.
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