"ESTAR SÓ"

"...FICANDO ELE SÓ; E LUTAVA COM ELE UM HOMEM, ATÉ O ROMPER DO DIA"

Gênesis 32:24

Há uma canção (Quatro vezes você – Capital Inicial) que pergunta: “O que você faz quando ninguém te vê fazendo?”

Uma outra argumentação diria: “O que você faz quando ninguém vê o que você faz?”


Via de regra, todos nós nos apresentamos perante a sociedade vestidos para agradar as pessoas ou nos sociabilizarmos a elas. Queremos ser aceitos, queremos aprovação, queremos ser reconhecidos em nossos esforços e méritos.


Então, como que “na marra”, vestimos nossa roupa do que devemos ser a cada manhã e representamos, no palco da vida, os diversos papéis que nos são requisitados.


Mas há um momento em nosso viver em que somos só nós, conosco mesmos. Um momento em que a fantasia não é necessária, que a máscara social não faz sentido e que podemos, todos nós, descansar de representar.


Nesse momento é que realmente somos quem somos.


Então, o questionamento citado anteriormente se faz mais contundente: o que fazemos quando estamos face a face conosco?


Jacó foi um homem de vida complicada. No afã de alcançar as bênçãos de Deus ele enganou seu pai, arrumou uma desavença grave com seu irmão gêmeo, Esaú, constituiu família por engano, teve de trabalhar dobrado para desposar quem queria e, por fim, cansado da vida agitada que arrumara para si mesmo, se vê agora prestes a ter de encarar a ira de seu irmão e acertar as divergências. Ele se despede dos seus e se retira para um isolamento.


Sózinho, Jacó se vê frente a frente com a verdade de quem ele era: um mentiroso, um farsante, um enganador. Um homem que devia satisfações aos seus, que errara gravemente no passado e que não tinha mais como corrigir seus erros.


Agitado no espírito, Jacó se vê como que a lutar com Deus, necessitado que estava de ser abençoado!


Um homem conhecedor da Palavra sabe que nada tem valor neste viver se não tiver a aprovação e a bênção do Senhor sobre ele.


Essa tremenda luta travada por Jacó, ali, sozinho, marcou-o de forma indelével. Manco, ele se lembraria a cada dia daquele momento tremendo em que se viu, face a face, com Deus, lutou... E saiu vivo!


A vida, ás vezes, nos deixa sós!


Solidão pode ser um momento especial; um momento em que podemos ser apenas nós e Deus, sem disfarces ou roupagens impostas, uma vez que tais artifícios de nada valeriam diante da Oniciência do Senhor! Podemos aproveitar destes instantes para obtermos a bênção de que tanto ansiamos. Desnudos, sem testemunhas, podemos nos revelar por inteiro para as nossas reais e genuínas necessidades e receber de Deus o selo de sua aprovação para nós.


A vida de Jacó mudou literalmente. Não era mais Jacó: agora era Israel!


Eu já tive meu momento de Peniel (Vi a Deus face a face e a minha vida foi salva)! Como Jacó, já estive sozinho com Deus, onde ninguém mais poderia estar para correr em meu auxílio, para me estender a mão, para abrandar minha dor, meu vazio, meu caos interior. Como ele também já tive o meu viver marcado, para nunca mais ser o mesmo de antes. Por isso posso afirmar: estar só pode ser o momento certo! Estar só pode ser o seu momento da Graça. Estar só pode ser a circunstância ideal para que você, diante do Senhor, receba a bênção porque tanto lutou!


Não se aborreça por estar só... Cristo se colocava só para falar com Deus! Faça o mesmo... Voce descobrirá quanto é doce e abençoada a Voz do Senhor Deus!


Paulo Braga Silveira Junior
Outubro - 2011


"LÁ NA FRENTE"

"PORQUE EU SEI EM QUEM TENHO CRIDO E ESTOU BEM CERTO DE QUE É PODEROSO PARA GUARDAR O MEU DEPÓSITO ATÉ O DIA FINAL" 

2 Timóteo 1: 12

Nem sempre a vida nos é compreensível!

Há momentos em que, sinceramente, a vida é complicada e estranha. Quem há que nunca tenha experimentado um instante de indignação, de revolta, de desespero ou agonia???

O grande segredo da vida está em não perder o foco nos fatos que ainda estão por vir, no enredo programado pelo Criador desde a fundação do mundo.

Nos personagens bíblicos, há alguns deles de especial relevância para meu viver.

Eu olho para um Noé, completamente desajustado para os padrões de sua época, construindo uma imensa embarcação, no seco, aguardando uma chuva em que ele não poderia garantir simplesmente de olhar para as nuvens no céu, e vejo um homem, de certa forma, tão confuso quanto eu diante de certos dilúvios que me são anunciados pelos meus contemporâneos.

Noé precisou focar seu coração em algo além das expectativas humanas; fora da compreensão científica; adiante em sua compreensão intelectual. E ali firmou sua âncora.

Jó é outro personagem de especial importância para mim.

Ele tinha tudo sob controle, confiado em sua capacidade administrativa e humana. Era um vencedor! Seus contemporâneos podiam ver nele um homem realizado e feliz.

Subitamente, tudo lhe é tirado. O mundo desmorona. Seus alicerces de vida se abalam profundamente.

Jó se vê pressionado pelos argumentos ao seu redor, dos que presenciavam sua agonia. Não lhe resta alternativa a não ser questionar os desígnios de Deus. E ele assim faz.

Adoro a resposta de Deus a Jó.

“Ele” não lhe dá a menor referencia ao presente, mas se volta para o Poder da Criação e a Majestade e Soberania de quem tem tudo sob controle e autoridade. Jó entende o recado.

Este Patriarca tinha algo em especial. Em suas próprias palavras: “Porque eu sei que o meu redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus.” (Jó 19:25-26), Jó dá testemunho de que sua vida se guiava pelo que ainda está por vir. No amanhã. Na promessa do Senhor!

Concluo com as experiências do apóstolo Paulo. Este servo do Senhor tem a vida dividida claramente em duas fases: uma, de conhecimento das coisas de Deus equivocado e presunçoso. A outra, completamente em conformidade com o querer do Senhor.

Paulo fora testemunha do martírio de Estevão. (E as testemunhas depuseram as suas capas aos pés de um jovem chamado Saulo – Atos 7: 58). Ele perseguia a igreja por ter lá suas próprias convicções. Sua intelectualidade e conhecimento, contudo, eram desfocados e equivocados. Nessa fase, Paulo tinha poder e autoridade.

Após a experiência na estrada de Damasco, temos um Paulo destituído de seus privilégios. Torna-se um homem de vida conturbada, entregue a naufrágios, perseguições, enfermidades, prisões, fome e nudez.

Esta mescla de vivência e de envolvimento com o Conhecer a Cristo é que vem dar formato e estrutura ao apóstolo de forma a que ele possa afirmar tão categoricamente, em 2 Timóteo 1:12: “Porque eu sei em quem tenho crido”!

Olhos no futuro. Esperança na promessa. Convicção em fatos que não se vêem.

Aprendo com eles, e no meu próprio viver posso afirmar: eu sei em quem tenho crido!

Paulo Braga Silveira Junior

Outubro - 2011

ENQUANTO ESPERO

"Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo"

Filipenses 3: 20

E Chove... É o tempo a derramar seu pranto!

Traz seu sofrer em gotas, qual sereno.


É luz de vida e tal contraveneno


em seu cair revela, a dor, em canto!


Seu jeito de chorar, assim, ameno


me traz, à alma, o bem do seu encanto;


me acolhe os sonhos puros, no recanto


de onde vem, dos céus, no abiaceno.


Minha’lma, como o tempo, se desmancha


num gotejar freqüente de emoções


lembrando a Patria Eterna de onde venho.


O choro... Soluçar de nuvens... mancha


o chão, por onde levo estas canções;


por onde eu, a vida aqui, desenho!



(Paulo Braga Silveira Junior – Outubro/2011)



"QUATRO PALAVRAS"

...”nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança”... Romanos 5: 3 e 4

(Edição Almeida Revista e Atualizada)

Tribulação: Momentos difíceis... Carga... Sofrimento... Dificuldades... A tribulação é o momento da vida em que nos sentimos atormentados e necessitados de ajuda, de consolo, de forças para continuar. Nenhuma pessoa, em sã consciência, anela por tribulações. Esse é o momento em que o barco da existência navega por mar agitado e ondas querem nos submergir. O Mestre dos Mares está a bordo... Não devemos nos desesperar. Ele pode acalmar as águas agitadas! (Mt 8:26)

A tribulação nos leva a outro ponto importante: A Perseverança!

Perseverar é manter-se no rumo; é seguir em frente... Perseverar é progredir, continuar...

É mistér, diante das dificuldades, continuarmos na jornada. O salmo 23 nos diz: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum”. Repare que o verbo indica o prosseguir... O seguir na marcha! Não podemos estagnar diante dos problemas. Seja qual for o caminho por onde seguirmos, a confiança no cuidado e no amparo de Deus irá conosco.

Quem persevera alcança seu prêmio. A perseverança nos leva à Experiência.

Experiência é a lida, o trato, o contato com os resultados práticos. Experimentar a Deus, o Seu cuidado, o valor da Sua Palavra, a Graça da Sua Promessa, nos capacita em força e coragem, em determinação e fé, nos habilita a confiar!

Finalmente alcançamos o quarto estágio da jornada: a Esperança.

Esperança é a prática da espera! Quando estamos com esperança em nós, aguardamos que o final da história se confirme nas promessas do Senhor. Em Jeremias 29: 11 lemos as palavras de Deus:  “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que desejais”. Nossos sonhos e expectativas, construídos sob a Mensagem da Cruz, serão confirmados no selo da imutabilidade do Senhor que cumpre com suas promessas.

As dificuldades deste viver, portanto, podem nos remeter a uma íntima e profunda comunhão com a fonte de todo o Bem, onde alcançamos a realização plena da Vontade de Deus.

4 Palavras... Tribulação; Perseverança; Experiência; Esperança! Fonte plena de vitória ao que crê!

Paulo Braga Silveira Junior

Outubro / 2011